Clínica


Na gota úrica existem quatro situações clinicamente relevantes: [9]

1 – Hiperuricémia assintomática

É um período de duração variável, em que os níveis de uricémia estão elevados sem ocorrerem manifestações clínicas, nomeadamente episódios de artrite ou tofos.

Nesta fase importa realizar um despiste de alguns quadros que se associam a hiperuricémia, especialmente nos doentes jovens (alterações enzimáticas familiares, doenças hematológicas, alterações renais).

2 – Artrite gotosa aguda

A artrite gotosa aguda é a mais frequente manifestação inicial de gota úrica. Os primeiros episódios são tipicamente monoarticulares sendo que 75 a 90% dos primeiros casos ocorrem nas primeiras articulações metatarsofalângicas.

Causas:

A crise instala-se de forma abrupta atingindo o seu máximo em menos de 24 horas. Caracteriza-se por uma dor súbita, que surge geralmente durante a noite e se acompanha por vezes de alterações do estado geral e febre. No exame objectivo é possível encontrar sinais inflamatórios locais exuberantes, pele ruborizada, artrite com aumento de volume da articulação envolvida e dos tecidos moles periarticulares e sensibilidade da articulação ao toque.

As primeiras crises resolvem-se espontaneamente, ficando o doente completamente assintomático novamente. Normalmente, haverá novos episódios, a intervalos variáveis, atingindo a mesma ou outras articulações.

3 – Gota intercrítica

A gota intercrítica corresponde ao período entre as crises agudas de gota com ausência total de sintomas, com duração variável de acordo com o controlo da doença.

À medida que a doença evolui sem tratamento este periodo pode tornar-se mais curto, sendo que uma minoria evolui para uma forma de gota úrica poliarticular sem períodos intercríticos.

Nesta fase, o exame objectivo é geralmente normal, podendo revelar uma ligeira limitação da mobilidade articular nas regiões anteriormente afectadas.

Ainda, na maioria dos doentes não tratados com fármacos que reduzem a uricémia durante esta fase, é possível encontrar cristais de urato monossódico no líquido articular, o que é muito útil para o diagnóstico.

4 – Gota tofácea crónica

Uma minoria de doentes evoluirá para este estádio fortemente destrutivo.

Esta forma deve-se à deposição de cristais de monourato de sódio no estado sólido (tofos) nos tecidos conjuntivos, em qualquer localização. Pode, assim afectar estruturas articulares com eventual artropatia destrutiva.

Leave a comment